Após o anúncio dos presidentes da Rússia, Dimitri Medvedev, e dos Estados Unidos, Barack Obama, da negociação de um acordo que substitua o Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Start) ainda em 2009, o planeta parece estar menos inseguro em relação à política mundial de desarmamento. O arsenal nuclear de ambos os países, hoje, está acima do que seria suficiente para acabar com a vida no planeta. No entanto, a ascensão de Obama à presidência da maior potência militar do mundo é percebida pela Rússia como bom momento para a reaproximação entre os dois países, já que, para Moscou, o estadunidense parece ser uma pessoa mais admissível e, também, mais responsável que George W. Bush, acusado de ressuscitar o clima de antagonismo entre ambos os países durante seus dois mandatos presidenciais.
Apesar do término da Guerra Fria, no início dos anos de 1990, e da existência do Tratado sobre a Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP), de 1968, os grandes rivais mantiveram o material bélico. O embaixador do Brasil nas Nações Unidas e ex-ministro das Relações Exteriores do Governo João Goulart, Araújo Castro, já havia denunciado, em 1971, o TNP como armadilha do sistema internacional. Segundo ele, não-proliferação não significava desarmamento. Araújo Castro estava certo: haveria somente o congelamento do poder mundial por meio da manutenção das relações de força estabelecidas entre EUA e URSS durante a Guerra Fria. E as armas nucleares foram conservadas até os dias atuais.
Com o objetivo de diminuir a tensão internacional e impetrar o desarmamento nuclear, a retomada das relações bilaterais entre as superpotências da Guerra Fria seria essencial, na concepção dos EUA. Segundo Washington, todos os meios que levam à redução de violência no Afeganistão e ao desarmamento do Irã passam pela Rússia, a qual faz papel de mediadora nas negociações sobre o Programa Nuclear de Teerã, e, concomitantemente, tenta resolver antigo desafeto com o vizinho Afeganistão, desde a sua invasão pela antiga União Soviética para apoiar o governo local a sufocar uma rebelião muçulmana, em 1980.
A atual crise econômica e a redução do orçamento estadunidense seriam o maior motivo dos EUA para buscar a cooperação com a Rússia, no intuito de normalizar o mais rápido possível a situação afegã e desnuclearizar o Irã. Para Moscou, essa seria uma excelente chance de retornar ao cenário internacional como parceiro da maior potência militar mundial. Sim, militar. A hegemonia econômica é outro assunto. Além disso, esse é um bom momento para a Rússia melhorar sua imagem no Ocidente, prejudicada por sua política de invasão da Geórgia após tentativa de anexação do território separatista da Ossétia do Sul, e para atrair investimentos para o país durante esse período de colapso econômico mundial.
O fato de a crise poder ajudar na política de desnuclearização mundial torna-se situação curiosa, mas não impossível, como se pode constatar pelos entendimentos entre Obama e Medvedev. Finalmente, falta saber qual será a política a ser adotada em relação à Coreia do Norte, que acaba de testar míssil balístico no Sudeste Asiático, fato confirmado pelo exército russo dois dias após o lançamento, contrariando resolução das Nações Unidas, uma possível ameaça aos novos parceiros em desarmamento. Os países emergentes que detêm armas nucleares, como Índia e Paquistão, entre outros, também podem ser considerados como ameaça à vida no planeta, mas esse é outro assunto...
Apesar do término da Guerra Fria, no início dos anos de 1990, e da existência do Tratado sobre a Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP), de 1968, os grandes rivais mantiveram o material bélico. O embaixador do Brasil nas Nações Unidas e ex-ministro das Relações Exteriores do Governo João Goulart, Araújo Castro, já havia denunciado, em 1971, o TNP como armadilha do sistema internacional. Segundo ele, não-proliferação não significava desarmamento. Araújo Castro estava certo: haveria somente o congelamento do poder mundial por meio da manutenção das relações de força estabelecidas entre EUA e URSS durante a Guerra Fria. E as armas nucleares foram conservadas até os dias atuais.
Com o objetivo de diminuir a tensão internacional e impetrar o desarmamento nuclear, a retomada das relações bilaterais entre as superpotências da Guerra Fria seria essencial, na concepção dos EUA. Segundo Washington, todos os meios que levam à redução de violência no Afeganistão e ao desarmamento do Irã passam pela Rússia, a qual faz papel de mediadora nas negociações sobre o Programa Nuclear de Teerã, e, concomitantemente, tenta resolver antigo desafeto com o vizinho Afeganistão, desde a sua invasão pela antiga União Soviética para apoiar o governo local a sufocar uma rebelião muçulmana, em 1980.
A atual crise econômica e a redução do orçamento estadunidense seriam o maior motivo dos EUA para buscar a cooperação com a Rússia, no intuito de normalizar o mais rápido possível a situação afegã e desnuclearizar o Irã. Para Moscou, essa seria uma excelente chance de retornar ao cenário internacional como parceiro da maior potência militar mundial. Sim, militar. A hegemonia econômica é outro assunto. Além disso, esse é um bom momento para a Rússia melhorar sua imagem no Ocidente, prejudicada por sua política de invasão da Geórgia após tentativa de anexação do território separatista da Ossétia do Sul, e para atrair investimentos para o país durante esse período de colapso econômico mundial.
O fato de a crise poder ajudar na política de desnuclearização mundial torna-se situação curiosa, mas não impossível, como se pode constatar pelos entendimentos entre Obama e Medvedev. Finalmente, falta saber qual será a política a ser adotada em relação à Coreia do Norte, que acaba de testar míssil balístico no Sudeste Asiático, fato confirmado pelo exército russo dois dias após o lançamento, contrariando resolução das Nações Unidas, uma possível ameaça aos novos parceiros em desarmamento. Os países emergentes que detêm armas nucleares, como Índia e Paquistão, entre outros, também podem ser considerados como ameaça à vida no planeta, mas esse é outro assunto...