(Texto originalmente publicado no periódico online
O Estado RJ, em setembro de 2010.)
A importância da integração latino-americana para o Brasil, tanto comercialmente quanto politicamente, reflete-se no PIB da América Latina, que corresponde a mais de quatro trilhões de dólares, e nos projetos de infraestrutura que objetivam viabilizar o desenvolvimento da região. Atualmente, 47% das exportações brasileiras de manufaturados têm como destino a América Latina e o Caribe, segundo o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e, de acordo com o ministro, “se não fosse a Alalc, não teríamos hoje América Latina e Caribe e, sobretudo, América do Sul, tão integrados. Por isso, a Alalc não fracassou”.
No final de agosto deste ano comemorou-se cinquenta anos de integração da América Latina no âmbito da Associação Latino-Americana de Livre-Comércio (Alalc) e de sua substituta, a Aladi. Na primeira metade do século passado, Celso Furtado e Raúl Prebisch, fundadores da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) já diziam que era fundamental integrar para desenvolver. Graças a eles, nos anos de 1960, constituiu-se a Alalc, visando ao desenvolvimento industrial e a acordos entre seus membros, com o objetivo de eliminar barreiras entre Estados e de ampliar os mercados regionais. Como consequência deste processo, temos hoje, por exemplo, o Mercosul e a Comunidade Andina de Nações (Can).
Em que pese a visão otimista, ainda é preciso aprofundar esse processo por meio da criação de mais mecanismos concretos e eficazes de financiamentos diretos e indiretos na região, para diminuir a distância econômica entre os países. Temos o Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos (CCR), criado com o propósito de facilitar o intercâmbio comercial local, por meio da redução de transferências internacionais, utilizado principalmente ao longo dos anos de 1980, quando havia escassez de divisas. E, atualmente, também existe o Sistema de Pagamento Local, que tem o Real como moeda forte, realizado entre Brasil e Argentina, e entre Brasil e Uruguai, o que assegura nossa proeminência na região.
Além disso, o Estado brasileiro oferece sete propostas com o intuito de criar um mecanismo regional de garantias, de seguros e de créditos, pelo fato de a integração constituir-se como tema fundamental para o nosso mercado interno. O que nos interessa é a nossa presença na região, levando, dessa forma, tecnologia e equipamentos para nossos vizinhos com o intuito de diminuir um protecionismo disfarçado por listas de exceções de mercadorias e de reduzir a perda de mercado para a China, cujos poderes comercial e econômico se encontram cada vez mais presentes na América Latina.
Egoisticamente falando, seria uma forma de marcarmos território, fortalecendo, inclusive, nossas empresas. Mas também seria uma forma de propiciarmos o desenvolvimento da vizinhança e o fortalecimento de seus mercados ao agregarmos nossa tecnologia aos seus produtos, evitando, assim, a manutenção das trocas de comércio desiguais com países desenvolvidos. Além disso, vivemos na América Latina. Como potência regional, precisamos dar nossa contribuição. Vide o exemplo da Alemanha em relação à União Europeia.
Alessandra Baldner