segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Brasil lidera pela primeira vez missão de paz naval da ONU no exterior

25 de fevereiro de 2011
Fonte:Blog do Planalto
http://blog.planalto.gov.br/

"Desde ontem (24/2), o Brasil passou a ser o primeiro país não integrante da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) a comandar a Força Tarefa Marítima (MTF, sigla em inglês), missão membro da Força Interina das Nações Unidas do Líbano (Unifil). Com a aceitação do convite feito pela ONU para liderar uma missão naval no exterior, o Brasil assumiu o compromisso de reduzir ao máximo as tensões entre Líbano e Israel, além de buscar a manutenção da paz na região.

O contra-almirante Luiz Henrique Caroli, líder da operação, e mais oito militares brasileiros foram escalados para cumprir a tarefa que contará com oito embarcações e 800 militares originários de 33 países diferentes. Os militares já se encontram em solo libanês desde o último dia 15.

Com essa nova missão, o Brasil passou a ocupar a 12ª posição no ranking dos maiores países contribuintes de tropas. Segundo o Ministério da Defesa, o sucesso de diversas missões de paz realizadas por tropas brasileiras em todo o mundo contou muito para que a ONU tomasse essa decisão, a exemplo da mais recente delas: a operação de paz no Haiti.

A Unifil, criada em 1978 pelo Conselho de Segurança da ONU, conta com um orçamento anual de U$ 519 milhões para realização da missão e seu contingente contempla 11.961 militares, 330 funcionários civis internacionais e 657 nacionais. Em seu primeiro mandado, as Nações Unidas determinaram à Unifil a missão de garantir a paz no território libanês até que as tropas israelenses deixassem o país. Em 2006, essa orientação foi substituída pelo monitoramento do controle de hostilidade, acompanhamento das forças libanesas, incluindo as fronteiras de disputa entre os países; apoio ao acesso de assistência humanitária à população civil e o retorno de populações deslocadas."

Khadafi será julgado pelo Tribunal Penal Internacional

28/02/2011
Fonte: Agência Brasil
http://agenciabrasil.ebc.com.br/home;jsessionid=9367FF9D6349239CA7FE4C5720458977?p_p_id=56&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-2&p_p_col_pos=2&p_p_col_count=3&_56_groupId=19523&_56_articleId=3199471


Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

"Brasília – O presidente da Líbia, Muammar Khadafi, será julgado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, na Holanda. A pedido do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), ele será julgado por crimes contra a humanidade e de guerra e acusações de violações aos direitos humanos. Paralelamente, representantes dos Estados Unidos e de vários países europeus se reúnem hoje (28), em Genebra (Suíça) para examinar a adoção de mais sanções à Líbia.

As informações são do Departamento de Estado norte-americano e também das Nações Unidas. Há denúncias de que pessoas foram enterradas vivas na Líbia, durante os protestos, e bombardeios atingiram as cidades de Trípoli, capital líbia, e Benghazi.

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, afirmou que os integrantes do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas vão analisar nesta segunda-feira alternativas para ampliar as sanções à Líbia. Hillary negou as acusações de que os Estados Unidos estimulam as manifestações que ocorrem não só na Líbia, mas em outros países muçulmanos.

“Essa mudança que está varrendo toda a região é proveniente de dentro das sociedades, não está vindo de fora. Mas cada país é diferente e cada um deve lidar com as exigências de seu próprio povo e buscar caminhos que conduzam à mudança”, disse a secretária de Estado.

No último sábado (26), o Conselho de Segurança determinou que as autoridades líbias cooperem com o TPI nas suas investigações sobre a crise que atinge a Líbia desde 15 de fevereiro. Porém, o país não é signatário do Estatuto de Roma, que criou o Tribunal Penal Internacional. Na resolução, o órgão condenou o que ocorre na Líbia. "É um ataque generalizado e sistemático em curso na Líbia contra a população civil que pode constituir crimes contra a humanidade."

Efetivamente, o tribunal passou a atuar em 1996. O órgão foi criado com o objetivo de julgar indivíduos e não os Estados – o que é uma tarefa do Tribunal Internacional de Justiça. São levadas ao Tribunal Penal Internacional as denúncias como de genocídios, crimes de guerra e contra a humanidade.

Já foram indiciados 78 suspeitos, dos quais a maioria é sérvia, croata e árabe. Foram condenados o croata-bósnio Drazen Erdemovic e o sérvio-bósnio Dusan Tadic, além do do líder nacionalista sérvio-bósnio Radovan Karadzic."

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Energia nuclear reduz em 19% emissão de gases de efeito estufa, diz estudo da Eletronuclear

25/02/2011
Fonte: Agência Brasil
http://agenciabrasil.ebc.com.br/ultimasnoticias?p_p_id=56&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-1&p_p_col_count=1&_56_groupId=19523&_56_articleId=3198511

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Estudo elaborado para a Eletronuclear pela Ecen Consultoria, divulgado hoje (25) no Rio de Janeiro, aponta que a participação de 7,3 gigawatts (GW) de energia nuclear na geração do Sistema Interligado Nacional (SIN) até 2030 reduzirá as emissões de gases poluentes na atmosfera em 19%. Isso corresponde a 437 milhões de toneladas de gás carbônico (CO2) que deixarão de serem lançados na atmosfera.

O aumento da presença da energia nuclear na cesta de geração do SIN é previsto no Plano Nacional de Energia 2030 (PNE). Hoje, a participação da energia nuclear alcança em torno de 2 GW. A essa geração se somarão os 1,3 GW previstos para a Usina Nuclear Angra 3 e mais 4 GW adicionais, referentes às quatro novas unidades nucleares projetadas pelo Plano Nacional de Energia 2030.

A Consultoria Ecen faz o inventário nacional de emissões de gases de efeito estufa para o Ministério de Minas e Energia. Por essa razão, ela foi contratada pela Eletronuclear para elaborar um estudo específico para o Brasil, comparando as emissões de gases de efeito estufa no ciclo nuclear com as de outros ciclos de combustível na geração de eletricidade. A informação foi dada hoje (25) pelo assistente da presidência da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães. “O resultado é extremamente positivo.”

O estudo mostra que sem a participação da energia nuclear, as emissões de CO2 seriam maiores. “Sim, porque a alternativa de substituir a energia nuclear no PNE seria energia térmica via carvão importado”. De acordo com o levantamento, pode-se considerar que dentre os ciclos de combustível analisados do petróleo, do gás natural, do carvão mineral e da produção de bagaço da cana, a energia nuclear ainda é a mais limpa e a que emite menos.

Uma das conclusões é que “do ponto de vista da redução de gases de efeito estufa, é positivo para o Brasil produzir energia via usinas nucleares”, admitiu Guimarães.

Ele disse que o Brasil precisa de uma grande expansão da geração elétrica porque, atualmente, “o nosso consumo per capita de eletricidade é o 90º consumo mundial, é metade do que Portugal consome atualmente, é menos do que a média mundial e bem menos do que o Chile e a Argentina.”

O consumo atual por brasileiro é pouco mais de 2.000 quilowatts-hora por ano (kWh/ano). Nos países desenvolvidos, o consumo mínimo é 4.000 kWh/ano. Nos países de desenvolvimento recente, como Portugal, Espanha e Coréia do Sul, o consumo per capita atinge 4.500 kWh/ano, 5.600 kWh/ano e 6.400 kWh/ano, respectivamente, de acordo com dados da Eletronuclear..

Guimarães assegurou que se o Brasil pretende alcançar o desenvolvimento econômico e social, ele precisará ter uma oferta de eletricidade muito maior. “Há forte correlação entre Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e consumo per capita de eletricidade. Então, para possibilitar o crescimento de IDH brasileiro, você tem, necessariamente, que aumentar a oferta.”

Segundo o assistente da presidência da Eletronuclear, o carro-chefe do aumento da oferta continua sendo a energia hidráulica. Ele afirmou, porém que, pararelamente, conforme prevê o Plano Nacional de Energia, o Brasil deve ampliar a geração das outras fontes renováveis, em especial energia eólica e de biomassa.

“Só que exclusivamente a hidreletricidade, a biomassa e a energia eólica não são suficientes para garantir esse aumento da oferta necessário. O Brasil também tem que lançar mão de expandir o seu parque de geração térmica”. Nesse contexto, o país conta com a energia nuclear e o gás natural e, em menor escala, com o carvão.

“A energia nuclear tem um atrativo especial, na medida em que ela não emite CO2, como mostra o estudo”. Guimarães disse que o objetivo principal do levantamento não foi confirmar as vantagens da energia nuclear em termos de fonte limpa de geração de energia. “Todo mundo sabe disso. O ponto é fazer um estudo específico para as condições brasileiras”. O estudo comprova que das várias fontes de geração de energia, a nuclear é a que emite menos. “Muito menos. São diferenças gritantes.”

Ingresso formal da África do Sul no Bric será em abril

25/02/2011
Fonte: Agência Brasil
http://agenciabrasil.ebc.com.br/ultimasnoticias?p_p_id=56&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-1&p_p_col_count=1&_56_groupId=19523&_56_articleId=3198575


Pedro Peduzzi e Renata Giraldi
Repórteres da Agência Brasil

Brasília – A primeira viagem da presidenta Dilma Rousseff à Ásia, em abril, vai marcar a ampliação do Bric, grupo de países formado pelo Brasil, pela Rússia, Índia e China. Em 14 de abril, a África do Sul será formalmente integrada ao Bric. O ingresso dos sul-africanos será celebrado em sessões que contarão com as presenças dos presidentes dos cinco países, na cidade de Sanya, província de Hainan, na China. As informações foram confirmadas por diplomatas que acompanham o assunto.

No entanto, para o governo brasileiro, a África do Sul já é considerada integrante do Bric. Em 31 de dezembro de 2010, o Brasil divulgou nota oficial dando boas-vindas aos sul-africanos. A África do Sul e o Brasil ao lado da Índia são parceiros no Ibas, cujo objetivo é o desenvolvimento regional a partir de projetos comuns.

A viagem da presidenta Dilma Rousseff à China, nos dias 13, 14 e 15 de abril, também tem o objetivo de ampliar o mercado brasileiro na região, atendendo aos apelos do empresariado nacional. O setor quer evitar que os produtos chineses prejudiquem o mercado interno nacional. O aumento das exportações de minério de ferro e aço do Brasil para a China também está na pauta das negociações.

O ministro das Relações Exteriores, Antonio de Aguiar Patriota, afirmou que serão feitos esforços para reduzir o “desequilíbrio” dos efeitos das importações chinesas no mercado nacional. Segundo ele, há um superávit de mais de US$ 5 bilhões em favor do Brasil no comércio com a China.

O chanceler disse, ainda, que a visita da presidenta à China incluirá uma série de temas. “Será uma visita de Estado, que abordará questões bilaterais como comércio e investimentos, segurança e [questões] ambientais e globais”, afirmou.

A presidenta cumprirá a agenda por etapas: inicialmente com autoridades chinesas, depois com executivos chineses e, em seguida, com os integrantes do Bric.

Líderes da oposição líbia instituem conselho nacional de transição

27/02/2011
Da Agência Lusa
Fonte: Agência Brasil
http://agenciabrasil.ebc.com.br/ultimasnoticias?p_p_id=56&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-1&p_p_col_count=1&_56_groupId=19523&_56_articleId=3199245


Brasília – Os líderes da contestação ao regime do coronel Muammar Khadafi na Líbia instituíram um conselho nacional de transição que representa as cidades que já caíram nas mãos dos opositores ao regime, anunciou hoje (27) um porta-voz do movimento. "A criação de um conselho nacional foi anunciada em todas as cidades libertadas na Líbia", declarou Abdelhafez Ghoqa, durante entrevista coletiva em Benghazi, segunda cidade do país e reduto da contestação ao líder líbio.

O conselho "será a cara da Líbia durante o período de transição", disse Abdelhafez Ghoqa, acrescentando que prosseguem as consultas em torno da composição e das funções deste novo órgão. No sábado (26), o antigo ministro da Justiça, que se demitiu na última segunda-feira (21), declarou à cadeia de televisão Al Jazira que seria formado um governo de transição para dirigir o país antes da realização de eleições.

Arábia Saudita eleva produção diária de petróleo

27 de fevereiro de 2011
Fonte: AE - Agencia Estado
http://economia.estadao.com.br/noticias/not_56750.htm
LONDRES - A Arábia Saudita elevou sua produção diária de petróleo para nove milhões de barris, para compensar a oferta perdida com as revoltas na Líbia, disseram hoje autoridades do país. "Alcançamos nove milhões de barris por dia", disse uma autoridade.

A mesma fonte havia dito hoje, mais cedo, que "refinarias europeias ainda não pediram petróleo, mas a Arábia Saudita está disposta e comprometida em compensar qualquer queda na produção da Líbia." Outra autoridade afirmou que a medida representa um aumento de 500 mil a 600 mil barris de petróleo por dia em relação à produção saudita antes dos problemas na Líbia. As informações são da Dow Jones.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Brasileiros tentam deixar a Líbia pelo mar

22/02/2011

Da BBC Brasil
Fonte: Agência Brasil

"Brasília - Um grupo de 130 brasileiros – que estão na cidade de Benghazi, na Líbia, uma das que enfrenta protestos mais violentos no país – tenta deixar a Líbia por navio, caso não seja possível viajar em um avião fretado. Desde o final de semana, a Embaixada do Brasil na Líbia pede autorização para que o avião pouse em Benghazi e retire os brasileiros, mas ainda não obteve resposta.


A possibilidade analisada pelo grupo é a saída por mar, pelo porto de Benghazi, em direção a Malta ou à Itália. Segundo informações ainda não confirmadas, a pista do aeroporto da cidade teria sido danificada durante os protestos, prejudicando a possibilidade de saída com avião.

Parte dos brasileiros do grupo é de funcionários da empresa Queiroz Galvão, que tem contrato para seis projetos de obras de infraestrutura na região de Benghazi. No total, há cerca de 500 a 600 brasileiros na região. A embaixada brasileira garante que está acompanhando o grupo.

A Queiroz Galvão mantém as famílias de 50 brasileiros e também de empregados portugueses na casa do diretor da empresa para o Norte da África, Marcos Jordão. Há várias crianças no grupo. Os funcionários solteiros estão alojados em um hotel próximo.

“Estamos todos bem. Temos suprimentos para mais de cinco dias, mas esperamos uma definição para conseguirmos a retirada entre hoje e amanhã”, afirmou Jordão. Segundo ele, os planos de retirada estão sendo coordenados entre a empresa e as embaixadas do Brasil e de Portugal na Líbia.

“A ansiedade é grande, todo mundo aqui está com sua malinha pronta para ir embora”, afirmou Roberto Roche Moreira, que está na casa de Jordão em Benghazi com a mulher e dois filhos.

A filha mais velha de Moreira, Mariana, que vive no Rio de Janeiro, disse que espera do governo brasileiro um empenho maior na retirada dos brasileiros presos em Benghazi.

Roberto Moreira, porém, disse que todos na casa estão “bens e tranquilos” e que tanto a Queiroz Galvão como as embaixadas do Brasil e de Portugal estão empenhadas em conseguir a retirada dos funcionários da empresa. “O problema maior é de logística, saber quem vai liberar nossa saída”, afirmou.

“Queremos sair o mais rápido possível, mas temos que sair com segurança, com a certeza de que não vamos enfrentar nenhum perigo pelo caminho. Aqui está todo mundo bem, todo mundo tranquilo, mas não vamos nos arriscar.”

A cidade de Benghazi, segunda maior do país, é o principal foco das manifestações contra o governo do presidente líbio, Muammar Khadafi, no poder há mais de quatro décadas. Várias pessoas morreram em consequência da repressão aos protestos no fim de semana. Grupos opositores tomaram o poder na cidade.
Os serviços telefônicos também estão prejudicados. Os brasileiros contam que recebem ligações, mas não conseguem ligar para fora. A Queiroz Galvão é a única empresa brasileira instalada na região de Benghazi. Outras três companhias do país – Petrobras, Odebrecht e Andrade Gutierrez - mantêm escritórios e funcionários na capital do país, Trípoli."

Contencioso na OMC entre Brasil e Estados Unidos sobre medidas antidumping aplicadas sobre a importação de suco de laranja brasileiro

Nota nº 68

Fonte: MRE

21/02/2011

"O Brasil recebeu com satisfação hoje, 21 de fevereiro, em Genebra, o relatório final do painel da Organização Mundial do Comércio (OMC) que examinou a legalidade de medidas antidumping aplicadas pelos Estados Unidos sobre a importação de suco de laranja brasileiro. Uma vez que o relatório foi entregue às Partes do contencioso em caráter confidencial, o Governo brasileiro não se pronunciará sobre seu conteúdo. Não obstante é possível indicar que o painel manteve os termos de seu relatório provisório apresentado em 20 de dezembro de 2010.

O painel – integrado por Miguel Rodriguez Mendoza (Venezuela), Pierre S. Pettigrew (Canadá) e Reuben Pessah (Israel) – foi estabelecido em setembro de 2009, a pedido do Brasil. Participaram dos procedimentos, na condição de terceiras partes, Argentina, Coreia, Japão, México, Tailândia, Taipé e União Europeia.

Neste contencioso, o Brasil questionou a utilização da metodologia conhecida como “zeramento” (zeroing) em procedimentos antidumping relativos ao suco de laranja brasileiro conduzidos pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos (USDOC). Mais especificamente, o Brasil questionou a utilização do zeroing em revisões administrativas, bem como o uso contínuo dessa metodologia em procedimentos antidumping sucessivos (investigação original e revisões administrativas).

O Brasil defendeu que a prática do zeroing distorce o cálculo da margem de dumping ao ignorar aquelas operações nas quais o valor de exportação do produto é superior ao seu valor normal no mercado doméstico. A prática é, portanto, incompatível com diversos dispositivos do Acordo Antidumping da OMC e do GATT 1994.

A circulação do relatório final para os demais Membros da OMC e para o público ocorrerá quando o texto estiver disponível nas três línguas oficiais da Organização. A partir dessa data, as partes poderão recorrer da presente decisão do Painel ao Órgão de Apelação da OMC no prazo de 60 dias. Não havendo apelação, o relatório será adotado pelo Órgão de Solução de Controvérsias da OMC.

O presente relatório representa significativa vitória do Brasil em tema de relevância para o comércio bilateral. O Brasil espera que esta nova decisão do painel encoraje os Estados Unidos a abandonar definitivamente a prática do zeroing em todos os procedimentos antidumping. O Brasil acompanha com atenção o andamento de proposta de regulamento (proposed rule) do USDOC, o qual prevê alterações no cálculo da margem de dumping em revisões administrativas. O Brasil espera que os EUA se utilizem dessa proposta para dar fim ao zeroing e se adequar às regras da OMC." 

Discurso Pascal Lamy: Rodada Doha pode ajudar a elevar a agricultura africana


Doha Round can help lift Africa’s agriculture — Lamy

21 February 2011
Fonte: Organização Mundial do Comércio


Director-General Pascal Lamy, in opening the conference on “Harnessing Agriculture for Development through Trade” sponsored by CUTS in Geneva on 21 February 2011, said that “the Doha Round will help level the playing field for Africa, correcting historical injustices in the world trade rule-book”. He also said that “African agriculture needs to become more efficient, and in that efficiency it needs to discover ‘specialization’”."


Discurso completo no portal da OMC.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

As Conferências Ambientais de 2010

Por Alessandra Baldner


As Conferências Ambientais de Nagoya (COP 10) e de Cancun (COP 16), realizadas em 2010, tiveram algo em comum: o temor de que se repetisse o fracasso da Conferência de Copenhague sobre Mudanças Climáticas (2009), cuja proposta fora apresentada a um plenário esvaziado. Mas, em 2010, o que se viu foram cientistas, ecologistas e governos considerando ambas as Conferências um sucesso. Obviamente, em parte. Havia a possibilidade de não se ter assinado qualquer acordo quando, até mesmo o Japão, durante a COP16, ameaçou abandonar o Protocolo de Kyoto (1997), e quando a Bolívia votou contra os documentos do Pacote de Cancun. Mesmo assim, Nagoya e Cancun fizeram com que governos demonstrassem um mínimo de preocupação com o clima e com a biodiversidade.

Após quase 20 anos de discussão, iniciada na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD) _ ou Rio-92, a 10ª Conferência da Partes da Convenção sobre Biodiversidade da ONU (COP 10), realizada Nagoya (Japão), em outubro de 2010, foi considerada uma vitória histórica por alguns ambientalistas, apesar de ter ficado aquém das expectativas dos países em desenvolvimento e dos de menor desenvolvimento relativo. Das 193 partes presentes, apenas três não assinaram o documento: Estados Unidos, Vaticano e Andorra.

Em Nagoya conseguiu-se uma das principais exigências do grupo liderado pelo Brasil: a garantia de implante, pela primeira vez, de mecanismos de compensação às nações e povos indígenas que contribuam com recursos genéticos e conhecimento para a produção de novos remédios, alimentos e cosméticos pelas empresas multinacionais. Além disso, os signatários se comprometeram a proteger 17% das terras e dos mananciais de água e 10% dos mares e de áreas de costa, até o ano de 2020.

O Acordo também prevê a conservação de animais e de plantas para reduzir o ritmo de extinção de espécies ameaçadas. Dessa forma, a legislação de Acesso e Benefício Compartilhado (ABS, em inglês) de recursos genéticos será regulada pelo Protocolo de Nagoya. Para o Brasil, que tenta revisar o ABS há anos, pode ser um grande passo em direção à redução, e possível fim, da biopirataria na Amazônia. Os pesquisadores brasileiros estimam que, atualmente, detêm conhecimento sobre somente 10% das espécies que se encontram em nosso território. Cerca de 190 mil já estão catalogadas.

Já a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, realizada em Cancun (COP 16), dividiu opiniões, sendo considerada sucesso por alguns e medíocre por outros. Até a Conferência de Poznam (COP 14), EUA, China, Brasil e Índia, considerados os maiores poluidores, não aceitavam ter metas de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEEs). Durante a Conferência de Copenhague (COP 15), o clima de desconfiança entre as partes inviabilizou um texto oficial, o que fez com que a reunião fosse considerada um fracasso, apesar de incluir compromissos voluntários de redução de GEEs por parte de China, Brasil e Índia, entre outros, no informal “Acordo de Copenhague”. A Conferência de Cancun significou a formalização de pontos discutidos ao longo da COP 15.

Assim, as decisões tomadas no México (COP 16) foram mais significativas: o mecanismo financeiro de compensação por Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD), ficou melhor definido juridicamente, faltando saber como será pago; e o Fundo Verde, tópico debatido também em Copenhague, foi acertado em US$ 30 bilhões anuais até 2012 e, depois, até 2020, em US$ 100 bilhões, sendo gerenciado primeiramente pelo Banco Mundial, e posteriormente por um Comitê criado pela COP, no qual os países em desenvolvimento terão assento. No entanto, as metas de redução de emissões de GEEs ficaram por ser definidas apenas na Conferência da África do Sul (COP17), neste ano de 2011, fato considerado vexatório por pesquisadores e ambientalistas.

O Brasil se destacou na busca pelo consenso em Copenhague, apesar de seu parco resultado, o que demonstra a preocupação brasileira no que tange à redução de GEEs. Assim, tomamos a coragem de implementar voluntariamente metas para diminuir a emissão brasileira de GEEs, projetadas para 2020 entre 36,1% e 38,9%. Além disso, em dezembro de 2010, o Brasil regulamentou por meio do decreto nº 7.390 a lei que institui a Política Nacional de Mudanças Climáticas (PNMC), de 2009, e instituiu o Plano de Proteção ao Cerrado (PPC), em setembro de 2010, por exemplo. E mesmo enquanto alguns cientistas declaram a fraude do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), investimos em desenvolvimento limpo: 45% da energia consumida no Brasil provêm de fontes renováveis. Não é pouca coisa. Fraude ou não, estamos fazendo a nossa parte.

Tanto nas Conferências sobre Mudanças Climáticas quanto nas Convenções sobre Biodiversidade, o Brasil tem por paradigma não ceder aos caprichos de grandes potências, mas fomentar a colaboração entre as partes signatárias dos Acordos sem que elas se sintam prejudicadas, ao mesmo tempo em que estas partes oferecem suas próprias metas em vez de não se chegar a atitudes concretas. Dessa forma, alcança-se ao menos um consenso, já que ninguém pretende ceder facilmente. Percebe-se que o Brasil apresenta considerável influência no cenário internacional, não só por ser parte em fóruns de grande visibilidade, como o G20 comercial ou o G20 financeiro, mas por ser um articulador de ideias concretas.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Reunião Ministerial dos países do G4 (Alemanha, Brasil, Índia e Japão) - Declaração Conjunta à Imprensa

Nota nº 56

12/02/2011
Fonte: MRE
http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa/notas-a-imprensa/reuniao-ministerial-dos-paises-do-g4-alemanha-brasil-india-e-japao-declaracao-conjunta-a-imprensa-1


"1. O Ministro das Relações Exteriores da Índia, o Ministro Federal para os Negócios Estrangeiros da Alemanha, o Ministro das Relações Exteriores do Brasil e o Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros do Japão encontraram-se em Nova York, no dia 11 de fevereiro de 2011, pela segunda vez nos últimos seis meses, para trocar impressões sobre a reforma do Conselho de Segurança.

2. Os Ministros concordaram que, como democracias com valores políticos compartilhados, incluindo o respeito ao estado de direito, o respeito pelos direitos humanos e o compromisso com o multilateralismo, os países do G-4 mantêm várias posições comuns acerca dos principais desafios contemporâneos à paz e à segurança internacionais. Observaram com satisfação as importantes contribuições que seus países vêm fazendo ao trabalho do Conselho de Segurança e à manutenção da paz e da segurança internacionais. Reafirmaram sua disposição e capacidade de assumir maiores responsabilidades nesse sentido. Afirmaram que o sistema internacional seria beneficiado com a expansão do Conselho de Segurança da ONU, o que asseguraria que o Conselho refletisse verdadeiramente as realidades geopolíticas atuais, tornando-o mais forte, representativo, legítimo, efetivo e eficiente.

3. Nesse contexto, os países do G-4 reiteraram seus compromissos como aspirantes a novos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, assim como seu apoio às suas respectivas candidaturas. Os países do G-4 também reafirmaram sua visão da importância de que a África esteja representada na composição permanente de um Conselho ampliado. Reconfirmaram também a necessidade de membros não permanentes adicionais e de aperfeiçoamento dos métodos de trabalho do Conselho.

4. Os Ministros expressaram gratidão pelos esforços realizados pelo Presidente da Assembleia Geral, Sua Excelência Sr. Joseph Deiss, e pelo Embaixador Zahir Tanin, Facilitador das negociações intergovernamentais, por seu papel de facilitação nas negociações entre os Estados-membros. Os Ministros ressaltaram que, durante as negociações intergovernamentais em curso, ficou evidente que a maioria esmagadora dos Estados-membros apoia a expansão de ambas as categorias de membros permanentes e não permanentes do Conselho de Segurança, assim como maior representação dos países em desenvolvimento em ambas.

5. Os Ministros reconheceram que há amplo apoio a uma iniciativa promovida pelos Estados-membros, a fim de levar o processo da necessária reforma do Conselho de Segurança a um resultado concreto na atual sessão da Assembleia Geral da ONU.

6. Os Ministros, consequentemente, concordaram em seguir avançando com todos os passos necessários para concretizar com a maior rapidez uma expansão de ambas as categorias de membros permanentes e não permanentes do Conselho de Segurança. Para esse objetivo, os países do G-4 reafirmaram sua disposição de realizar contatos com outros países e trabalhar em estreita cooperação com eles, com espírito de flexibilidade.

7. Finalmente, os Ministros concordaram em encontrar-se novamente no próximo trimestre para avaliar o progresso no tocante às decisões tomadas.


Antonio de Aguiar Patriota

Ministro das Relações Exteriores do Brasil

Guido Westerwelle

Ministro Federal para os Negócios Estrangeiros da Alemanha

S. M. Krishna

Ministro das Relações Exteriores da Índia

Takeaki Matsumoto

Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros do Japão"

Declaração do Itamaraty sobre a situação política no Egito

Situação Política no Egito / Political Situation in Egypt

Nota nº 54

11/02/2011
Fonte: MRE
http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa/notas-a-imprensa/situacao-politica-no-egito

"Ao tomar conhecimento dos recentes acontecimentos no Egito, o Brasil manifesta sua expectativa de que a transição política naquele país transcorra dentro do respeito às liberdades políticas e civis e aos direitos humanos da população, em ambiente de paz e tranquilidade.

O Brasil acompanha com grande interesse a evolução da situação política no país amigo, que, além de parceiro relevante, desempenha papel importante para a estabilidade do Oriente Médio.

Ao solidarizar-se com a população egípcia na busca da realização de suas aspirações, o Brasil reafirma sua confiança de que as lideranças políticas da sociedade egípcia saberão fazer face a este momento de novas oportunidades e desafios, em ambiente de entendimento e de diálogo democrático.

Em Nova York para presidir sessão do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a Interdependência entre Segurança e Desenvolvimento, o Chanceler Antonio de Aguiar Patriota está em consulta com o Secretário-Geral das Nações Unidas e com os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas para avaliar o impacto dos acontecimentos no Egito sobre a estabilidade no Oriente Médio.

*****

Upon learning of the recent developments in Egypt, Brazil expects the political transition in that country to be carried out while upholding the political and civil liberties and human rights of the population, in an environment of peace and orderliness.

Brazil has been following attentively the evolution of the political situation in the fellow country that, in addition to being a relevant partner, plays a pivotal role in the stability of the Middle East.

Brazil, in conveying its solidarity to the Egyptian population seeking to realize its aspirations, also reaffirms its confidence that the political leaders of the Egyptian society will be able to tackle this moment of new opportunities and challenges in an environment of understanding and democratic dialogue.

While in New York to chair a United Nations Security Council session on the interdependence between security and development, Minister Antonio de Aguiar Patriota is consulting with the United Nations Secretary-General and with other UNSC members in order to assess the impact of the events in Egypt upon Middle East stability."

A praça venceu

Miriam Leitão - Coluna no GLOBO

12 de fevereiro de 2011
Fonte: O Globo on-line e impresso
http://oglobo.globo.com/economia/miriam/

"Os momentos revolucionários são mágicos, contagiantes e belos. O povo egípcio mereceu o dia de ontem. Foram longos 18 dias de persistência que hipnotizaram o mundo. Nada os deteve: nem o longo tempo, nem a violência da repressão, nem as manobras do ditador. A Praça Tahrir mudou o Egito, mas mudou também Washington. Agora, começa o perigoso momento seguinte.

O vigoroso discurso de ontem do presidente Barack Obama, inspirado e convocando heróis da luta pacífica como Martin Luther King, descrevendo com paixão as cenas que o mundo viu, foi uma forte demonstração de como Cairo mudou Washington. Obama em dois anos manteve uma política externa conservadora, sem grandes sinais de mudança em relação ao que havia antes. E sim, ele podia ter mudado mais. Deve ser constrangedor para a secretária de Estado, Hillary Clinton, rever o que ela mesma disse poucos dias atrás sobre ser um governo estável de um aliado confiável, a ditadura de Mubarak. Apenas um pouco menos constrangedor do que para o primeiro-ministro francês, François Fillon, a sua imagem voando nas mordomias do avião de Mubarak.

Quando Saddam Hussein caiu, era o governo de Washington impondo sua hora ao povo iraquiano. Era um ditador a menos, e ninguém vai lamentá-lo. Mas foi preciso passar por cima dos relatórios da ONU, conduzidos por Mohamad El-Baradei — sempre ele —, para sustentar que o governo do Iraque tinha o que ele não tinha: armas de destruição em massa. A guerra iraquiana ainda não acabou e nunca houve grandes esperanças sobre as mudanças de Bagdá. No Egito, a mudança vem de dentro, é genuína e tem chances de ser duradoura.

As cenas fortes do confronto na ponte, da força da Praça Tahrir, do dramático ataque a cavalos e camelos dos policiais de Mubarak, das adesões de militares ao movimento, da onipresente bandeira egípcia ficarão por muito tempo nas lembranças do mundo. Mas depois da festa de ontem começará a volta ao normal.

Os próximos passos são essenciais. De agora em diante todo o cuidado é pouco. Há perigo na esquina. Vários perigos. Os militares podem querer permanecer no poder, do qual, na verdade, nunca se afastaram. O governo de Hosni Mubarak foi um regime militar misturado com uma ditadura pessoal. Seu poder vinha das Forças Armadas financiadas e mantidas pelo poder do forte subsídio americano. Ainda há ambiguidades dentro do sistema. Eles precisam do dinheiro americano e dos privilégios que construíram ao longo dessas décadas. Não vão querer abrir mão deles. E, dependendo do que pretendam fazer, pode ser o inicio de mais instabilidade.

O povo vai se recolher para seu merecido descanso depois da vitória, como sempre acontece. E ainda não é a hora. A forma da transição não está resolvida e ela tem que conter alguns ingredientes indispensáveis: suspensão da lei de emergência, o AI-5 deles, que está em vigor desde 1981; dissolução do Parlamento eleito de forma fraudulenta; governo de transição com representação civil para garantir que as eleições serão mesmo livres e limpas.

Na economia, há muito a fazer. As últimas semanas deixaram sequelas. Houve muita fuga de capital, muito investimento adiado, muita produção parada, muito negócio cancelado. Será preciso retomar a atividade normal. Amanhã, a Bolsa do Cairo abre depois de duas semanas fechada. E a economia começará lentamente a reconstrução. Mas é bom lembrar que alguns problemas ajudaram a fomentar a revolta, como o forte desemprego entre os jovens e a alta de preços dos alimentos. Nada disso desaparecerá de uma hora para outra. E se eles não começarem a ser enfrentados será inevitável o sentimento de decepção, principalmente entre os jovens que puxaram os mais velhos para a praça.

Será necessário combater a corrupção, que lá é explícita: o ministro da indústria era dono de um grande complexo industrial; o do turismo, da maior operadora de turismo do país; o da habitação tinha a maior construtora. E assim por diante. Desfazer toda essa teia de interesses que captura o Estado, como sabemos bem, é uma longa batalha.

A oposição passou por cima da divisão anterior para construir a força que os manteve unidos na Revolução da Praça Tahrir, mas agora será retomada a competição entre os diversos grupos, até porque é natural e saudável que isso aconteça na construção de uma verdadeira democracia. Mas qual é o momento certo da divisão? Se for cedo demais, antes de se consolidar o arcabouço da transição, os riscos aumentam.

Na lista do saldo favorável dos acontecimentos no Egito está a derrubada de um dos preconceitos mais arraigados no Ocidente: o de que era preciso tolerar uma ditadura laica, do contrário haveria um governo religioso extremista. E o governo de Mubarak nem era tão laico assim. Era de interferência direta na questão religiosa. O sermão da sexta-feira a ser lido pelos líderes religiosos islâmicos tinha que ser submetido à censura prévia do ministério que cuida especificamente da religião. Terá agora que ser derrubado outro preconceito: o de que há uma incompatibilidade entre a cultura árabe e a democracia.

Como disse Obama, o processo de transição não se completou, está no início e há muito trabalho e riscos pela frente. Fiquemos por enquanto com a beleza do povo na praça mudando a História de um país, de uma região conflituosa, de um continente marcado. Fiquemos por um minuto vendo a beleza da História sendo feita por todos os egípcios. É inspirador."

WikiLeaks e o poder da mídia

(Texto publicado originalmente no periódico online O Estado RJ, em dezembro de 2010)

Vazamentos recentes de documentos diplomáticos e militares dos Estados Unidos pelo portal WikiLeaks demonstraram a fragilidade da segurança norte-americana e provocaram “saias-justas” entre alguns países. Questiona-se a influência da mídia sobre a divulgação de decisões político-diplomáticas e sobre até que ponto deve haver transparência governamental. A Secretária de Estado norte-americana do Governo Clinton, Madeleine Albright, afirmara durante sua gestão que a mídia (no caso, a CNN) era o quarto poder.

O premier russo Vladimir Putin questionou a prisão de Julian Assange durante uma coletiva de imprensa: “se falamos de democracia, é necessário que seja total. Isso é democracia?”. Gestos de solidariedade ao fundador do WikiLeaks também partiram do presidente Lula, que criticou a imprensa brasileira por não defender Assange e a liberdade de expressão. Lula afirmou que quem deveria ser punido era o responsável pela cópia das informações sigilosas entregue ao WiliLeaks. Alguns especialistas afirmam que conversas confidenciais são essenciais para promover o sentimento de segurança nas negociações diplomáticas; outros defendem a transparência ao longo das conversas, o que pode não ser benéfico para estrategistas.

Conversas sigilosas entre países não são novidade: um dos aspectos para o desencadeamento da Primeira Guerra Mundial foi a chamada “diplomacia secreta”, uma prática de acordos bilaterais de defesa idênticos entre um Estado e outros países inimigos entre si. Ao fim do conflito, o então presidente norte-americano Woodrow Wilson exigiu o término da diplomacia secreta, que não surtiu resultados, já que pactos sigilosos foram realizados ao longo da Segunda Grande Guerra, como o Ribbentrop-Molotov (Teuto-Soviético).

Atualmente, todos se perguntam até que ponto a transparência pode ser benéfica. A democracia deveria ser relativa ou absoluta? Nada impede que haja transparência e participação da sociedade, além da divulgação pela mídia, em diálogos internacionais, o que contém importante significado. É indispensável que haja democracia. Mas, também é preciso haver preservação dos Estados.

No caso das relações Brasil-Estados Unidos, não houve abalos aparentes apesar de sentirmos um “impacto” inicial. O que pensamos a respeito deles e eles de nós é o valor de uma cultura implícita e repleta de percepções de geopolítica. O que não significa que sejamos antiamericanos, mas apenas pragmáticos na defesa de nossos interesses.


Alessandra Baldner

Após queda de Mubarak, milhares pedem mudanças na Argélia

12 de fevereiro de 2011
Fonte: Portal G1
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/02/apos-queda-de-mubarak-milhares-pedem-mudancas-na-argelia.html

Forte esquema policial foi montado para impedir protestos na capital Argel. País já teve confrontos em janeiro em meio a protestos contra desemprego.

Um forte esquema policial foi montado neste sábado (12) em Argel, capital da Argélia, para impedir uma marcha de milhares de manifestantes para pedir uma mudança de regime no país.

De acordo com a agência de notícias France Presse, cerca de 2 mil pessoas forçaram a barreira policial na praça Primeiro de Maio e começaram a marchar em direção à Praça do Mártires, ponto final da manifestação convocada pela oposição no país.

Segundo a BBC, mais de 20 mil integrantes da polícia de choque foram deslocados em Argel para impedir a manifestação popular, que são vetadas no país.

Os manifestantes gritam palavras de ordem contra o presidente do país, Abdelaziz Bouteflika, exigindo melhores condições de vida e maior liberdade. Partidários de Bouteflika também estão se organizando e se reunindo nas ruas de Argel.

"Lamento dizer que o governo alocou uma enorme força para impedir uma manifestação pacífica. Isso não é bom para a imagem da Argélia", disse Mustafa Bouchachi, líder da Liga de Direitos Humanos que colabora na organização do protesto.

Na noite dessa sexta-feira, a polícia interveio quando uma multidão tomou as ruas para comemorar a saída do presidente egípcio, Hosni Mubarak, segundo a BBC.

A renúncia do presidente egípcio Hosni Mubarak e a queda do líder da Tunísia, no mês passado, sacudiram o mundo árabe e levaram a muitos a se perguntar qual país poderia ser o próximo na região, onde a mistura de governos autoritários e ira popular é explosiva.

Uma revolta generalizada na Argélia poderia ter consequências na economia mundial, porque o país é um importante exportador de gás e petróleo.O país vive sob um estado de emergência que dura desde a guerra civil de 1992.

No início de fevereiro, o presidente afirmou que esta situação seria suspensa "em um futuro muito próximo".

Argel já teve confrontos entre manifestantes e policiais em janeiro deste ano, em meio a protestos contra o desemprego e os preços dos alimentos, que deixaram cinco mortos e cerca de 800 feridos.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Cai o comando do partido governista no Egito incluindo o filho de Mubarak

5 de fevereiro de 2011
Fonte: Agência Brasil
http://agenciabrasil.ebc.com.br/home;jsessionid=F613837B35F98272EC72DE910E701889?p_p_id=56&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-1&p_p_col_count=1&_56_groupId=19523&_56_articleId=3182210

Da Agência Lusa

"Brasília – Depois de 12 dias de protestos, a cúpula do governo do presidente do Egito, Hosni Mubarak, caiu hoje (5). Todos os integrantes da comissão executiva que comandava o Partido Nacional Democrático (NDP), principal legenda de apoio do governo, abriram mão dos cargos. A relação dos que renunciaram inclui também o filho do presidente que era apontado como seu sucessor natural.

Renunciaram hoje aos postos, o filho do dirigente egípcio, Gamal Mubarak, e o líder do partido governista, Safuat al Sharif. Sharif será substituído por Hossam Badrawi.

"Os membros da comissão executiva demitiram-se dos seus cargos. Foi decidido nomear Hossam Badrawi secretário-geral do partido", informou a rede estatal de televisão. Badrawi mantém relações de confiança com Mubarak.

Nesta manhã, Mubarak se reuniu com ministros e a equipe econômica. O presidente se encontrou com os ministros do Petróleo, do Comércio, das Finanças, da Solidariedade Social e o comando do Banco Central. O intuito é evitar que a crise política agrave ainda mais a situação econômica do Egito, que já enfrenta dificuldades.

Nas ruas do Cairo, os protestos continuam. Os manifestantes contrários à permanência de Mubarak no poder mantêm a vigília na Praça Tahrir, epicentro dos protestos há 12 anos. As autoridades policiais proíbem a entrada de estrangeiros e jornalistas no local. Os egípcios só podem ingressar na praça em pequenos grupos e seguindo as ordens dos militares."

Crise nos países árabes deve provocar adiamento de cúpula na qual Dilma faria estreia internacional

5 de fevereiro de 2011.
Fonte: Agência Brasil
http://agenciabrasil.ebc.com.br/home;jsessionid=642718D16396D26C2370786A4CF3AF83?p_p_id=56&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-3&p_p_col_count=8&_56_groupId=19523&_56_articleId=3182098

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

"Brasília – A 3ª Cúpula América do Sul-Países Árabes (Aspa), marcada para os dias 15 e 16 de fevereiro, em Lima (Peru), deve ser adiada. A nova data para a reunião ainda não foi marcada. Assessores da presidenta Dilma Rousseff e diplomatas foram informados pelos organizadores do evento que a cúpula pode ser postergada. É uma medida de precaução, a pedido dos líderes políticos dos países árabes, considerando a crise que atinge parte do mundo muçulmano. A presidenta Dilma faria sua estreia em reuniões internacionais com a presença de chefes de Estado na Aspa.

Dos 22 países árabes que integram a cúpula, seis passam por turbulência – Egito, Jordânia, Líbano, Palestina, Síria e Iêmen. Em meio a esta situação, os líderes políticos da região apelaram à organização da cúpula da Aspa para adiar sua realização. Porém, o Itamaraty ainda confirma oficialmente a realização do evento e a participação da presidenta Dilma.

Antes da sinalização de adiamento da cúpula, os negociadores planejavam divulgar, depois das reuniões, uma nota conjunta em defesa do ambiente democrático e do bem da população. O caso da criação do Estado Palestino também deve merecer um destaque em apoio à autonomia e defesa da região. A medida seria uma resposta à crise política no Egito e nos demais países.

Na Aspa, uma série de temas estão pautados desde o final do passado e vão além da questão política na região árabe. A relação de assuntos prioritários inclui a alta do preço dos alimentos, a falta de água nos países árabes e os problemas gerados por causa da desertificação.

A organização da Aspa havia sugerido que Dilma ocupasse um lugar de destaque no evento, discursando em dois momentos. A previsão era que a presidenta falasse para empresários e depois para os líderes políticos sul-americanos e árabes. O tom do discurso era a necessidade de aliar o desenvolvimento econômico com o social.

A exemplo do Brasil, os estrangeiros querem elevar a qualidade de vida dos mais pobres pondo em prática algumas medidas pontuais, como os programas sociais de transferência de renda. No total, a estimativa era de que a cúpula reunisse 33 chefes de Estado e governo.

A cúpula da Aspa foi criada em 2003 por sugestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desde então, árabes e sul-americanos buscam estreitar relações em várias áreas. Há sete subcomissões que tratam de temas que vão desde direitos humanos à capacitação profissional, economia e comércio, ciência e tecnologia, assuntos sociais, agricultura e meio ambiente.

A Cúpula de San Juan e o fortalecimento do Mercosul

(texto originalmente publicado no periódico online O Estado RJ, em dezembro de 2010.)

O Mercosul completará vinte anos em 2011, e em meio a fases otimistas e (frequentemente) pessimistas, a Cúpula de San Juan, realizada recentemente na Argentina, constitui-se como ferramenta para fortalecer a legitimidade da integração da América do Sul. San Juan é considerada uma das mais importantes reuniões do Mercosul desde a adoção do Protocolo de Ouro Preto (1994), que instituiu a personalidade jurídica internacional do bloco, devido a seus avanços históricos para a promoção da infraestrutura energética e da econômico-financeira sul-americanas.

O objetivo de tornar-se realmente uma União Aduaneira fez com que o Mercosul ganhasse novo impulso a partir da criação do Fundo de Convergência Estrutural (FOCEM) do bloco, ao estabelecer a possibilidade de investimentos para alavancar principalmente seus membros menos favorecidos, Paraguai e Uruguai, a partir de 2007. Durante a Cúpula de San Juan foram aprovados projetos a serem financiados pelo FOCEM que envolvem obras de infraestrutura com importância estratégica para a segurança energética e industrial do Paraguai e do Uruguai, como linhas de transmissão elétrica, escolas públicas, rodovias e apoio a pequenas empresas.

San Juan também propiciou avanços em relação ao fim da dupla cobrança da Tarifa Externa Comum (TEC) e à aprovação de um Código Aduaneiro para o Mercosul. O Código tem por objetivo uniformizar normas e procedimentos aduaneiros, conferindo segurança jurídica ao comércio, com efeitos diretos sobre a circulação de bens dentro do bloco. O fim da dupla cobrança da TEC será acrescido de mecanismo de redistribuição da renda alfandegária. Dessa forma, elimina-se o problema a respeito de quem teria o direito de cobrar pela importação de produtos: o Estado que recebeu a importação em seus portos ou o Estado de real destino do carregamento.

Além disso, em San Juan, o Conselho Mercado Comum do Mercosul (CMC), órgão decisório do bloco, autorizou a revisão do Protocolo de Contratações Públicas do bloco com o objetivo de conferir tratamento nacional, ou seja, a não-discriminação dos Estados partes em licitações públicas. Como consequência, a decisão influenciará o relançamento das negociações comerciais Mercosul - União Europeia, e as licitações para os serviços e obras de infraestrutura brasileiras para a Copa da FIFA de 2014 e para as Olimpíadas de 2016. Assim, brasileiros, argentinos, paraguaios e uruguaios poderão participar das licitações públicas.

Obviamente, os dispositivos acordados na Cúpula de San Juan ainda precisam ser aprimorados, e outros projetos necessitam ser aprovados em prol do melhoramento das relações entre os membros do Mercosul. Dessa forma, nos constituiremos como bloco fortalecido para poder negociar em conjunto com outros Estados ou blocos, obtendo melhores investimentos e saldos positivos comerciais com terceiros países. O fim da dupla cobrança da TEC facilitará o comércio do bloco, e o investimento em infraestrutura tende a garantir força para os menores membros. Assim, também lucramos ao tornar o Mercosul mais sólido, afinal, uma negociação em conjunto possui mais poder de coesão do que uma bilateral.


Alessandra Baldner